Todo ano tenho a sensação de que, em matéria de música, foi pior que o ano anterior. Mas penso melhor e acabo concluindo que provavelmente eu apenas não tenha ouvido tudo que saiu naquele ano, ou talvez eu acabe gostando no futuro de algo que tenha ignorado no presente. Sempre deixo passar algo.
Na verdade isso acontece muito. Muitas bandas que adoro, eu odiei nas primeiras vezes que ouvi.
Nessas horas sempre lembro que a "boa arte" também pode causar estranhamento. O que é novo e original pode parecer estranho no primeiro momento, e fazer sentido só mais tarde.
Em todo caso segue a lista dos melhores que ouvi nesse 2013 - pelo menos até o presente momento.
ÁLBUNS DE 2013
ARCTIC MONKEYS - AM
A sensualidade, o balanço e o charme de AM mudaram meus conceitos sobre os ingleses do Arctic Monkeys. Aquela urgência frenética e virtuosidade caótica dos primeiros trabalhos empolgavam sim, mas também gerava uma certa "confusão sonora" às vezes. Isso tudo deu lugar à desaceleração e cadência pra buscar novas possibilidades e se reinventar. Os mais puritanos seguidores sentirão certa estranheza à princípio, mas encontrarão, entretanto, todos os elementos do bom e velho Arctic Monkeys.
QUEENS OF THE STONE AGE - ... LIKE CLOCKWORK
Josh Homme já tocou com PJ Harvey, Dave Grohl, John Paul Jones e outros grandes nomes. Mas seu projeto principal, apesar de já ter se estabilizado na lista dos grandes do gênero - e até já ter sido considerado o próximo Nirvana -, precisava de um trabalho coeso; sua obra prima.
Eis que surge ... Like Clockwork.
Sóbrio, mórbido, melancólico, dançante e assustador estão, agora mais do que nunca, entre os adjetivos do universo e jeito "Homme" musical de ser.
NEIL YOUNG AND CRAZY HORSE - PSYCHEDELIC PILL
Neil Young recorreu a um jeito mais sutil e rústico pra gravar o seu retorno triunfante junto ao Crazy Horse (sua banda de apoio há décadas).
Psychedelic Pill tem um quê de improvisado e simplório comparado a outros trabalhos, mas isso só dá mais espaço pra uma das características principais da música de Neil, a alma.
DAFT PUNK - RANDOM ACCESS MEMORIES
Esse novo do Daft Punk soa mais como uma "festa como nos velhos tempos" do que "o novo disco do Daft Punk". As novas tendências e a vanguarda, outrora sempre presentes, deram lugar a um retrocesso proposital Há outros tempos e outros padrões musicais.
A verdade é que, mais uma vez, o Daft Punk deu as cartas nas festa de 2013. Nenhuma música tocou tanto do que Get Lucky.
Grandes participações se aliam a um balanço único e próprio de quem realmente entende do assunto.
VAMPIRE WEEKEND - MODERN VAMPIRES OF THE CITY
O charme e a rusticidade de Vampire Weekend não surpeendeu tanto, mas me agradou por demais. O amadurecimento é notório quando você compara os álbuns. Belíssimo.
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